Muitas vezes, passamos horas e horas da nossa vida preparando aquele que vai ser O momento especial, A noite, O final de semana... É da natureza humana querer preparar tudo com antecedência, visando a buscar a perfeição em cada atitude ou evento das nossas vivências.
Sinceramente, passei a acreditar muito mais na força do imprevisto, na capacidade de, nos pequenos detalhes, tornarmos nosso cotidiano mais intenso, mais inesquecível, e, por óbvio, menos previsível.
Eu mesmo, posso me considerar uma "ex-vítima" do excesso de preciosismo. Semana passada, estive no aniversário de um grande brother meu, que, juntamente com o irmão dele (igualmente meu irmão de coração) e dois parceiros, fazem um som muito bacana nas noites de Porto Alegre. Cumprindo uma tradição antiga, fui convidado pra fazer o "intervalo" do show dos meus amigos, razão pela qual passei alguns dias preparando um repertório bacana, trabalhando a voz pra tocar um set list mais intimista, com a proposta de "baixar o giro" da festa em decorrência do show da banda completa.
Teria sido exatamente conforme o planejado... não fossem os pequenos detalhes, os quais, ao invés de estragar tudo, tornaram a noite especial, digna de ser lembrada nos próximos churrascos regados a muita cerveja.
1 - O baixista e o baterista da banda se ofereceram pra me acompanhar. Ótimo, se eu tivesse cogitado essa possibilidade, pois acabei tendo que mudar a postura do show e, por óbvio, o jeito de cantar. Resultado: sem voz até o presente momento.
2 - Repertório. O que era pra ser um momento mais light, meramente incidental, acabou virando um "sacode esqueleto" de grandes proporções. Muito reggae, pop rock, samba rock, devidamente acompanhado por músicos excelentes. Resultado: com o corpo moído até o presente momento.
3 - Pedidos extemporâneos de músicas. Acabei não conseguindo ver que um pessoal tinha deixado um papel pedindo música e, ao fazer uma versão bacana de Tim Maia, acabei me emocionando, e, por um "detalhe", esquecendo de avisar o brother que cantava comigo que ia mudar o tom da música. Resultado: estou sendo "xingado" e execrado por meus amigos até o presente momento.
Mas não!!!! Não se trata de uma reclamação sobre uma noite perdida em um bar da capital. Ao contrário! Foi justamente essa riqueza de detalhes que me fez ver como foi um momento especial, partilhado com diversas pessoas de quem gosto muito, e que faço questão de que estejam sempre próximas a mim, seja do modo que for.
Dessa forma, fica um conselho: pense, planeje, combine, mas não perca a cabeça por causa dos detalhes... eles podem transformar algo bom em algo maravilhoso.
Quer um exemplo? Uma janta com aquela gata que foi combinada há duas semanas. Melhor prato, melhor vinho em "temperatura de cava", e aquela luz incidental com o The Best of Sade, ou algo do gênero. Na hora que a gata chega e senta, dá uma pane elétrica no bairro e fica TUDO escuro. Sobrou, "apenas", aquela garrafa de vinho, uma rede na sacada, e a lua cheia mais cheia dos últimos 20 anos. Adiantaram os detalhes? E a noite? Foi pior ou melhor?
Meu saudoso pai dizia que, nos menores frascos, estão as melhores essências e os piores venenos. É tudo uma questão de saber adequar-se ao momento, e saboreá-lo da forma que melhor foi possível.
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Ainda bem que pelo menos o churras de domingo foi cuidadosamente planejado: costela gelada e cerveja gorda!
ResponderExcluirA vida fica melhor quando a gente simplifica.
Mas ainda não tenho opinião formada sobre a costela desossada. É mais símples ou estamos complicando uma coisa que já era boa?
Dúvida cruel.
De improviso e incontestavelmente bacana, não achou?
ResponderExcluirMinha teoria tá certa! Hehehehehe!