Fiquei um bom tempo sem escrever nada no bloguinho. Mas, como todos sabem, o ano acaba em 15/12 e recomeça depois do carnaval. Logo, até que, efetivamente, não passei tanto tempo assim sem escrever. Hehehe.
Não sei se só eu acho isso, mas o Brasil tira férias do Natal ao Carnaval. A balança comercial tem um movimento de quitanda, cidades como Porto Alegre ficam transitáveis mesmo das 18h às 20h, escolas e universidades hibernam (não que isso seja tão ruim, hahahaha) e, mesmo para aqueles que passaram o verão trabalhando, como eu, percebe-se um clima diferenciado nesta época.
Mas nem tudo é reclamação! Assim como reduzimos a "pressão" do dia a dia durante o verão, o litoral parece tomado, cada vez mais, por um fenômeno que vou chamar de "Sampaulinização" ou "Toquiolização" da vida cotidiana. As pessoas enfrentam até 06h de engarrafamentos para ir de Porto Alegre a Tramandaí, não encontram lugar para estacionar, disputam espaço em ruas e avenidas com pedestres, automóveis, motocicletas, barraquinhas de sorvete, crepe e cachorro quente...
Tudo isso para quê? Para que se sintam "em férias", disputando a tapa um espaço inferior a um metro quadrado de areia escaldante, ao lado, primeiro, de um grupo de 20 pessoas que chegou às 8h da manhã com 04 caixas de cerveja, uma churrasqueira, 04 pares de raquete de frescobol e, pra completar, uma bola de futebol; e, de outro, de uns dois ou três casais desses "novos ricos" que compram casa em condomínio fechado em Atlântida e ficam na praia reclamando que o Mercedes ficou no sol, e que "o grupinho de probretões" do lado não para de encher a cara e tocar bolinha de borracha nas costas deles, sem dar a mínima atenção ao fato que você NÃO ESTÁ nem em um grupo, nem em outro.
Além de tudo isso... os preços. Ahhh, que alegria chegar na beira da praia e pagar R$ 2,50 por UM MILHO (que custa em torno de R$ 0,40 o QUILO debulhado); R$ 4,00 uma lata de cerveja; R$ 3,00 um picolé de fruta; R$ 5,00 dois pedaços de queijo assado...pra ficar por aí. Ao voltar da praia, temos que dar aquela clássica passadinha no mercado, que tem um ágio de, pelo menos, 15% nos preços se comparado à filial existente na capital, razão pela qual sobreviver 02 meses na praia em alta temporada é um verdadeiro exercício prático de direito financeiro.
Não bastasse "só" isso, há também o considerável aumento da violência no litoral durante os meses de janeiro e fevereiro. Pra quem já trabalhou por 04 temporadas na praia, como eu, diretamente envolvido com o direito criminal, é notória a migração da violência para o litoral, tornando-se absurdos os índices de arrombamentos, furtos de veículos e a pedestres, roubos, lesões corporais, tráfico de drogas e, pra completar, embriaguez ao volante (cheguei a ver um processo aonde o motora foi pego com "apenas"1,45 dg/l), razão pela qual o litoral no verão tornou-se, efetivamente, uma miniatura das grandes cidades acima referidas.
Dá pra chegar a uma conclusão bem simples: se você não for assaltado por alguém na entrada de casa, vai ser "assaltado" pelas bancas de milho, picolé e pelos vendedores ambulantes. Se escapar do engarrafamento da free-way, vai enfrentá-lo pra chegar em casa, levando 02h para vir de Imbé a Tramandaí, por exemplo. É, como eu falei, a "Sampaulinização" do litoral na alta temporada, pois qualquer semelhança com a grande megalópole não é mera coincidência.
E os argentinos? nossos hermanos invadem o litoral norte do RS com seus carros fantásticos e sua habilidade ímpar de dirigir, bebem nossa bebida, comem nossa comida, acabam com o nosso trânsito e a nossa paz, e ainda vão embora sem querer pagar as multas. Daí também não dá!! Tenta ir pra Argentina aprontar metade das "farrinhas" que os hermanos aprontam aqui e sair de lá numa boa. Garanto que não rola.
Apenas pra constar. Não estou crucificando o litoral do RS. Ao contrário. Praticamente nasci e cresci correndo nas areias de Tramandaí, e não me arrependo um único segundo de todo esse tempo maravilhoso. O litoral catarinense sofre dos mesmos problemas, com as desvantagens de que fica ainda mais longe, e que estamos falando da CAPITAL do Estado, o que demonstra o total despreparo para um estado que se considera um dos principais destinos turísticos do Brasil e, talvez, da América do Sul. É que como evito Floripa em janeiro e fevereiro como um padre evita mulheres (hahahahahaha), escrevo sobre os locais onde tenho maior conhecimento de causa.
Se existe alguma solução para isso? Em âmbito coletivo, não sei.
A minha particular? Férias em março! as praias esvaziam, os preços voltam ao patamar para "locais", aluguéis ficam mais baratos, o trânsito volta ao fluxo normal, e ainda tenho cerca de 20 dias de total calor para curtir.
Essa é a minha dica sobre como enfrentar o verão. Mas juro que, se algum dia esse blog atingir muitos acessos diários ou mensais, edito esse tópico e apago a dica de março, pra continuar aproveitando a praia como eu aproveitava quando era beeeem guri!
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Deixa de ser chorão Paragua!!!
ResponderExcluirQuem vai para o litoral nessa época é por que quer isso mesmo!
Isso é natural da humanidade.
Pare um carro no acostamento e abra o capô para fazer um teste... logo haverá uma fila de carros!
Marque uma linha no chão e pare atrás dela, e logo se formará uma fila atrás de você!
A galera adora tranqueira e fila! E no verão, ocorre uma símples transferência da tranqueira de Porto Alegre para o litoral. Assim como no inverno ela vai para Gramado.
A idéia de evitar as tranqueiras é legal, mas a galera simplesmente não quer!
Abração.
E não deixa de visitar meu blog novo.
www.planetaordinario.blogspot.com