segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Enfermeira do Purgatório e Merendeiros do Apocalipse

Bueno.
O Princípio da Intranscedência diz que nenhuma pena passará da figura do condenado. Está lá, expresso no art. 5º da Constituição Federal, sendo basilar do Processo Penal Brasileiro.
Da mesma forma, o Princípio da Presunção da Inocência diz que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da decisão condenatória. Resumindo, só quando se acabarem os recursos do réu ("recursos", no sentido de "toda e qualquer medida pra retardar o processo. E não são poucos, acreditem) é que poderemos sair na rua e apontar para alguém, dizendo "assassino", "ladrão", "estuprador" (e não esTRUpador, por favor!), "corrupto", etc.
Mas, de vez em quando, situações fáticas tiram a gente do sério, de uma forma tão intensa que não conseguimos manter um controle, uma isenção, uma equidistância daquilo que presenciamos.
Assim é o caso da enfermeira que, em tese, "morfinou" 11 recém-nascidos.
Assim é o caso da cúpula do município de Canoas que, em tese, superfaturou os preços de merenda de "boa" qualidade.

Como passar pela técnica de enfermagem ou pelo ex-prefeito na rua e segurar a vontade de gritar "assassina!!!", "corrupto!!!"?

Simples! Lembre-se que, se você fizer uma afirmação dessas sem a devida cautela, corre o risco de tomar um risco processo judicial por danos morais, pois você terá ofendido uma "suposta" homicida, um "suposto" corrupto.

Afinal, quando você (...)
- que não carrega morfina na bolsa nem assina contratos de fornecimento de alimentação para escolas;
- que paga seu IPVA e seu IPTU parcelados pra não pagar multa;
- que é demandado judicialmente porque o Estado não tem culpa se você perdeu tudo em uma enchente;
(...) Resolve manifestar sua opinião quando um jornal de alcance nacional divulga tais notícias na hora da sua janta, tirando a sua fome, saindo à rua para gritar "assassina!" ou "corrupto!", pode ser surpreendido com um oficial de justiça na porta da sua casa, entregando uma citação para responder, como RÉU, a um processo de indenização, por ter gritado "assassina!" ou "corrupto!".

Logo, lembre sempre: Quando tiver vontade de sair à rua para clamar por justiça, para pedir investigações sobre as situações que, diariamente, são publicadas em jornais "isentos", é o seu BOLSO que pode pagar a conta, pois a Constituição proíbe que se chame enfermeiras que trazem seringas de morfina e dopam crianças de "assassinas", bem como políticos que assinam contratos para fornecer merenda com diferença de valores em torno de R$ 4.000.000,00 de "corruptos", afinal, só se é culpado após o trânsito em julgado.

Da mesma forma, imagina se a suposta "assassina!" ou o suposto "corrupto!" estão passeando na rua acompanhados!! A pena não pode passar da figura do condenado, o que faz presumir que, mesmo efetivamente condenados, não podemos expor os amigos e parentes das "assassinas!" e dos "corruptos!", pois eles não tem culpa, e também podem processar você.

Fica aqui a pergunta: Quem é a vítima mesmo???

(P.S. Olha só o dinheiro que o Collor perdeu quando metade da massa estudantil do país foi às ruas gritar ANTES de ele ser definitivamente cassado... coitado do Collor...)

domingo, 8 de novembro de 2009

Pequenos gestos relevantes.

Gosto de conceitos antagônicos, como "grande" e "pequeno", "barato" e "caro", etc. É tudo uma questão de interpretação, pois, como certa vez ouvi de um cara na faculdade, "o que é caro pra ti pode ser barato pra mim"... com o pequeno detalhe de que estávamos discutindo o preço da mensalidade do curso de MEDICINA DA ULBRA (!!!!)
Pois bem, aproveitando esse gancho é que quero falar de uma iniciativa muito legal que está ocorrendo aqui em Canoas, chamada Apadrinhamento Afetivo. Trata-se de uma iniciativa do Município, em parceria com o MP, Judiciário, Conselho Tutelar e os abrigos de Canoas, que consiste em a pessoa se tornar "dindo" e "dinda" de uma criança abrigada.
NÃO!!! Não se trata de dar dinheiro pra ajudar aquela criança, mas de dar carinho, atenção, um suporte emocional para uma criança que, em razão dessas vicissitudes da vida, foi afastada do convívio familiar (pai e mãe), tendo pouquíssimas ou nenhuma chance de adoção.
NÃO! Também não se trata de adotar uma criança, mas de, literalmente, ganhar um afilhado, daqueles que a gente visita, leva pra passar o findi em casa com a gente, vai pra praia, pro zoológico, etc...
Pois bem. Juntamente com a Bina, minha patroa, nos inscrevemos para participar do programa. Participamos de uma série de palestras e oficinas visando ao amadurecimento à idéia e, após aproximadamente 02 meses, tivemos nosso primeiro contato com o nosso afilhado, em uma festa linda organizada pelo Município de Canoas, a qual teve, além da presença das responsáveis pelo gerenciamento do programa e dos abrigos das crianças, bem como de animadores, a participação de 16 (dezesseis) candidatos a padrinho (muitos casais, como no meu caso), e de 16 candidatos a afilhado, sendo que eram as crianças que nos escolhiam!
O resultado disso? Agora temos um afilhado de 10 anos que tem uma carga de vida naturalmente diferenciada, e que, mesmo assim, tem todo direito a receber carinho e atenção de pessoas que estejam dispostas. Em contrapartida, ficamos com o sentimento de estar fazendo o bem ao próximo, com a certeza de que, mesmo sendo um pequeno gesto de nossa parte, com certeza terá um enorme significado na vida dessa criança.
Ficou interessado? Procura pelo programa de Apadrinhamento Afetivo nas cidades de Canoas e Porto Alegre e distribui um pouco de alegria e emoção a quem precisa de apenas isso. Faz bem, eu garanto!
Me achou um maluco? Paciência! Se nem Cristo, Sílvio Santos e Roberto Carlos agradaram a todos, não serei eu a ter essa pretensão!
Um abração.